Fake News – A influência midiática trazendo consequências ao mundo real

Você sabe o que são as “fake news” e quais os seus impactos ?

O presente artigo tem por objetivo esclarecer as dúvidas sobre o que seria as famosas “fake news”, tema muito discutido às vésperas das eleições no país.

Origem da expressão

Essa expressão, com origem na língua inglesa nos últimos dois anos, partia de personalidades e instituições que queriam descreditar críticas feitas a elas por jornalistas. Essa prática tem como objetivo desviar de potenciais polêmicas e evitar responder sérias investigações. Pensar na segurança e no respeito pelas informações verídicas também é resguardar a diferença entre o termo pejorativo “fake news”, que carrega consigo um peso censor, e desinformação e notícias falsas.

Definição

Notícias falsas têm o poder de caminhar com os próprios pés, apelando para o emocional humano. Quando uma notícia falsa com um título sensacionalista ou com um corpo de texto que careça de fontes concorda com determinadas opiniões pré-estabelecidas, ela tem mais chances de ser compartilhada porque, num momento de intensa polarização ideológica, as pessoas estão em busca de cada vez mais argumentos que justifiquem seus posicionamentos. Em resumo, os produtores de notícias falsas se aproveitam da ingenuidade e da falta de autocrítica e de checagem de informações.

À custa dessa ingenuidade, produtores de notícias falsas têm lucrado grandes cifras em apenas alguns meses. De uma maneira muito simples, eles só precisam incorporar plug-ins de propaganda à programação do seu site. Conforme a audiência no site aumenta, maior será sua arrecadação. A disseminação dessas notícias é feita pelas redes sociais, por anúncios pagos, pessoas, bots e perfis falsos. Hoje, considera-se que o Whatsapp deve ser a mais problemática das redes sociais quando se fala em desinformação. Quando as mensagens circulam diretamente entre pessoas, e não num ciberespaço público, não existe um regulador dessas mensagens que possa classificar o que é verdadeiro ou não.

Impactos perante a sociedade

1) Fake news provavelmente tiveram impacto limitado nos votos nos EUA

Ao monitorar a atividade online e os cliques de 2,5 mil americanos no período eleitoral dos EUA em 2016, eles descobriram que uma em cada quatro pessoas leu ao menos uma notícia falsa, mas até mesmo os maiores consumidores de fake news – em sua maioria, altamente conservadores e simpatizantes do então candidato Donald Trump – consumiam muito mais notícias de fontes verdadeiras. – BBC

Para ele, o maior problema é quando o político, e não os meios de comunicação, dá informações falsas diretamente ao público em discursos, tuítes ou anúncios televisionados de campanha.

“Essas falsas alegações de políticos costumam ter um impacto muito mais amplo e são muito mais problemáticas do que uma fake news”, explica. Isso porque tendem a ser replicadas mais amplamente e a influenciar a percepção do público sobre determinados temas, caso não sejam rebatidas.

Como identificá-las

É por isso que o melhor caminho para combater as notícias falsas é a educação, transparência e o exercício de checagem de fatos.

Nesse caso, o público – e sobretudo a imprensa – têm um papel importante de controle, impedindo que essas declarações falsas se espalhem.

Para tal, ele sugere que reportagens não deem manchete para declarações falsas, mas sim “digam primeiro qual é o fato correto para só depois citar a declaração do político”.

Evitar ser alvo de informações falsas é ainda mais fundamental em períodos de tomadas de decisão, como em disputas eleitorais. Para descobrir se o conteúdo que você recebe por Facebook, Twitter ou WhatsApp é verdadeiro e não ser enganado por fake news durante as eleições de 2018, confira as dicas a seguir, apontadas por Cristina, da Agência Lupa, Tai, da Aos Fatos, e Angie Holan, editora do site de checagem americano Politifact:

1) Não leia só o título

Uma estratégia muito utilizada pelos criadores de conteúdo falso na internet é apelar para títulos bombásticos. Ler o texto completo é um passo básico para evitar compartilhar fake news. “Às vezes, um título é provocativo, mas ele não necessariamente está sendo honesto com a própria reportagem”, indica Cristina. “Os títulos são feitos para chamar a atenção. Então, você precisa ler o que está escrito para ver se o título se confirma no texto.”

2) Verifique o autor

Ver quem escreveu determinado texto é importante para dar credibilidade ao que está sendo veiculado. “Na checagem de fatos, ver o autor é interessante. A notícia foi assinada por alguém que você nunca viu na vida?”, questiona Cristina. Para Tai, se a matéria é assinada por um repórter, o site demonstra responsabilidade pela qualidade da informação.

3) Veja se conhece o site

Não deixe de olhar a página onde está a notícia. Navegar mais no site ajuda a analisar sua credibilidade. “Investigar que página é essa, ir lá no ‘Quem somos’ e saber se dá para ligar para essa redação e falar com um responsável é fundamental”, afirma Cristina. Na mesma linha de pensamento, Tai acredita que procurar pelo expediente do site e tentar achar o básico sobre a hierarquia da empresa são dicas valiosas. “É preciso saber quem é o responsável legal pelas publicações.” Também vale checar o endereço do site. Segundo Cristina, algumas páginas tentam simular o endereço de um veículo importante, alterando apenas uma letra, um número ou um símbolo gráfico.

4) Observe se o texto contém erros ortográficos

As reportagens jornalísticas prezam pelo bom vocabulário e pelo uso correto das normas gramaticais. Por outro lado, os sites com notícias falsas ou mensagens divulgadas pelo WhatsApp tendem a apresentar uma escrita fora do padrão, com erros de português ou quantidade exagerada de adjetivos. “Os manuais sérios dos grandes jornais orientam o jornalista a não adjetivar quando fizer uma reportagem”, explica Tai. “Se você está diante de um site de notícias falsas, já tem adjetivo no título. Existe uma linguagem que é muito particular do jornalista que não é utilizada em um site de notícia falsa.”

5) Olhe a data de publicação

Identifique quando a notícia foi publicada. Muitas vezes, o texto está simplesmente fora de contexto. “Cansei de ver notícia falsa que na verdade não é falsa, só é velha”, conta Cristina.

6) Saia da bolha da rede social

Para estar bem informado, o eleitor deve ler e acompanhar o noticiário não somente nas redes sociais. “Ele deve fazer um esforço para estar mais informado, encontrando uma nova fonte na qual ele confia e que tenha um bom histórico”, recomenda Angie. “Não espere apenas que as notícias cheguem até você porque você pode ter uma imagem muito distorcida do que está acontecendo.”

7) Tome cuidado com o sensacionalismo

As fake news tendem a conter palavras ou frases que despertam emoções ou mexem com as crenças das pessoas, atingindo um maior potencial de divulgação e compartilhamento nas redes sociais. “Se tiver uma manchete, uma foto, um meme ou um vídeo que comova você, ou que fale diretamente com aquilo que acredita, duvide, porque pode ter sido feito para isso”, avalia Cristina.

Combate à falsificação de notícias

Após polêmicas provocadas pela disseminação de boatos, o WhatsApp anunciou 20 bolsas de estudo de US$ 50 mil (cerca de R$ 195 mil em conversão direta) para que pesquisadores promovam soluções sem prejudicar a privacidade dos usuários. A medida chega como o primeiro passo do mensageiro para enfrentar o problema. Entre os principais focos estão as falsificações que envolvem saúde e eleições.

Também com intuito de prevenir golpes, o mensageiro passou a indicar quando uma mensagem é encaminhada de um chat a outro – o que pode ser evitado com uma dica simples. Outra iniciativa é o limite de repasse de textos e imagens para até 20 chats após casos de violência na Índia. Nos últimos meses, mais de 20 pessoas foram mortas após boatos espalhados pelo WhatsApp.

Outra novidade é a função que deve avisar quando um link é suspeito. Ainda em testes, a ferramenta analisa o endereço de links compartilhados e aplica uma tarja vermelha caso o conteúdo seja possivelmente malicioso.

Há punição prevista no Código Civil ou Código Penal ?

O Brasil ainda não tem uma legislação específica para punir quem produz e compartilha notícias falsas ou sem embasamento (as chamadas fake news), mas isso não quer dizer que quem não checa a veracidade das informações compartilhadas está livre de ser responsabilizado.

É possível acionar a justiça civil e solicitar que o conteúdo seja retirado do ar pelo provedor por meio de autorização judicial.

O Marco Civil da Internet, no artigo 19, prevê que “com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário”.

O Facebook hoje tem um mecanismo por meio do qual os próprios usuários podem denunciar postagens ou páginas ofensivas ou difamatórias. Mas, segundo o Marco Civil, ele só é obrigado a tirar o conteúdo do ar quando houver determinação judicial – o que ele faz além disso é por conta própria.

Assim, por exemplo, se existe uma publicação difamatória sobre uma celebridade circulando no Facebook, essa pessoa leva o caso à Justiça e o juiz determina que o Facebook tire a postagem do ar.

Se, além disso, a pessoa ofendida quiser uma indenização, é preciso recorrer à justiça criminal e alegar que houve calúnia, injúria ou difamação. A pena para esse tipo de crime varia de 3 meses a 3 anos (que, dependendo do caso, podem ser trocados por serviços à comunidade) e o pagamento de uma indenização.

Por fim, se a divulgação de notícias falsas ocorrer em época de eleição visando desqualificar um candidato, partido ou coligação, aplica-se a lei 12.891, de 2013, de acordo com o coordenador do curso de Direito Digital do Insper, Renato Opice Blum.

Segundo o texto, constitui crime “a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação”. A pena varia de 2 a 4 anos de prisão e multa de 15 mil a 50 mil reais.

Quem for contratado com essa finalidade também está sujeito à punição, que vai de seis meses a um ano de prisão, mais multa de 5 mil a 30 mil reais.

Bibliografia

https://www.bbc.com

https://estadao.com.br

https://exame.abril.com.br

http://www.cnj.jus.br/

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